Hoje temos o grande prazer de anunciar mais um colunista que se junta ao time SUPCLUB: Roberta Borsari!
Roberta, ou Bebeta, como é conhecida entre seus amigos de remo, é canoísta profissional com uma coleção de títulos em várias modalidades, como o rafting, a canoa havaiana e o kayaksurf, onde está entre as dez melhores do mundo. Já o Stand Up Paddle entrou em sua vida após uma viagem ao Hawaii, em 2010, e não saiu mais! Aos poucos, foi se acostumando a remar e a surfar em pé e desde então, o SUP passou a fazer parte de sua já “pequena” bagagem em suas expedições mundo a fora. E é para falar sobre suas viagens que Roberta irá escrever nesta coluna do SupClub. Embarque com ela nessa viagem!
Seja bem-vinda Roberta! Aloha!
Embarcando de SUP e kayak na história do surf!
Por Roberta Borsari (*)
É com prazer que eu inicio a coluna aqui no SUPCLUB, e já que vamos falar sobre expedições resolvi partir do local onde tudo começou, nos primórdios do surf: Peru!
Muitas são as lendas e histórias sobre as civilizações pré-incas que viveram na região norte do Peru há 5.000 atrás e utilizavam canoas para pescar e correr ondas para se divertir. E em minha última viagem fui conferir estas histórias de perto, e claro, as ondas também!
Chicama, fica localizada na região norte é conhecida por possuir a esquerda mais longa do mundo, por ser um pico super constante, com média de ondas 150 dias por ano (segundo o guia WannaSurf) e também por possuir um hotel de frente para o mar com serviços diferencias para surfistas. Como por exemplo, oferecer aos seus hóspedes um bote a motor para que depois de cada onda surfada (dependendo da força do swell podem chegar a cerca de 1.5km) o surfista seja “resgatado” e levado ao ponto inicial para começar tudo de novo. Ou seja, o gasto de energia é apenas para se divertir nas perfeitas ondas de Chicama – um sonho! E lá fui eu a convite do Chicama Surf Resort conhecer a esquerda mais longa do mundo, os atrativos da região e desvendar as histórias em torno das canoas que fizeram a história dos primórdios do surf.
A entrada no país é pela capital, Lima, depois é necessário pegar mais um vôo de cerca de 1 hora até Tujillo e pra fechar mais uma viagem de carro de 45 minutos até Chicama. Fique atento à escolha da companhia aérea e informe-se sobre a política para embarcar pranchas de surf antes de comprar seu bilhete, pois as regras mudaram e cada um tem a sua política (peso, medida, custo e etc..). No caso da TAM, por exemplo, não há custo para embarcar a prancha, mas em viagens para América do Sul é possível levar apenas uma bagagem. Você levaria sua prancha ou uma mala de roupas?
Logo nos primeiros dias, instigada pelas fotos que vi na web fui à praia de Hunchaco, ver de perto os “cabalitos de totora”. As tradicionais canoas peruanas feitas de folhas e caules de junco foram criadas e utilizadas por civilizações que viveram 3000a.c. As culturas Mochica e Chimu usavam as canoas para pescar e surfar, e até hoje os pescadores usam estas embarcações para trabalhar. Conversando com os pescadores, tive oportunidade de ter uma rápida aula sobre como se posicionar na canoa e pude testar os cabalitos – primeiro com o remo de canoagem onde brinquei em algumas ondinhas e depois de pé com o remo de SUP. A foto da remada simbolizou a união alta tecnologia moderna dos remos de carbono com a mais tradicional embarcação datada de 5.000 atrás, foi muito divertido! A comunidade local é super acolhedora e conversar com eles para conhecer todas as histórias é muito interessante.
Outros dois passeios imperdíveis na região é conhecer Chan Chan – a maior cidade de barro do mundo. Considerada patrimônio da humanidade pela ONU, ela foi a capital do reino Chimu – um dos mais poderosos da América do Sul – abrigando cerca de 50.000 habitantes. E as ruínas de El Brujo (O Bruxo) - centro religioso do vale de Chicama que reunia sacerdotes e curandeiros em cerimônias e rituais especiais em templos e tumbas no meio do deserto com vista para mar. Ambos os sítios arqueológicos impressionam pela sua beleza, riqueza e histórias.
Mas a principal atração de Chicama ainda são as suas famosas ondas longas. São várias seções, algumas delas bem velozes, outras um pouco mais cheias ou ocas pedindo para ser entubadas, e sempre muito divertidas! É uma região de ventos, principalmente na parte da tarde, portanto o surf prioritário e as fotos sempre acontecem pela manhã. Faça contato com o local Jesus El Zorro, fotógrafo que clica todos os gringos nas ondas. São vários os idiomas que se houve no mar, pois surfistas de todo mundo querem conhecer a longa e famosa esquerda de Chicama – mas na semana em que estive lá o mar não estava “crowdiado” e surfei ondas incríveis às vezes com apenas mais 3 ou 4 surfistas. Nos primeiros dias surfei de caiaque, para fazer o reconhecimento do pico e também por que é o equipamento em que me sinto mais a vontade, mas depois de me esbaldar no caiaque, testei o surf de stand up paddle e foi incrível surfar aquela onda de SUP, não parei mais e fiquei só no SUP! Ainda estou me aprimorando no surf de prancha, mas as viagens são sempre uma ótima oportunidade para surfar ondas diferentes e evoluir no esporte. A água é gelada, portanto um neoprene mais “parrudo” vai te ajudar a ter mais tempo de surf.
Outro atrativo é a culinária local. Não deixe de experimentar o chupe de pescado, galinha com aji, ceviche. Estes são alguns dos pratos tradicionais e são deliciosos... fique atento com a pimenta (aji) pois os pratos costuma ser picantes!
Depois que surfei a interminável onda da pororoca (confira matéria clicando aqui), decidi fazer uma busca pelas ondas mais longas do planeta e estarei aqui dividindo esta jornada com vocês! Chicama é um destino que vale a muito pena, pela qualidade da onda, passeios, culinária, receptividade e todas as boas lembranças que você vai trazer na bagagem! Divirta-se!
Confira a galeria de fotos desta expedição:
(*) Roberta Borsari é atleta profissional e aventureira, tem patrocínio UOL, apoio Board House e escreve sobre expedições para o SUPCLUB. Saiba mais sobre a colunista: http://www.robertaborsari.com/