SUPtrips da Bebeta: a busca de apoios, patrocínios e espaço na mídia


 

Roberta sabe que um profissional deve acima de tudo captar da melhor maneira a sua imagem. Aqui, ela aparece em frente a um cartaz seu durante uma de suas palestras. Foto: arquivo pessoal

Nossa colunista passa adiante as informações que recolheu através de seus anos de experiência como atleta profissional atuante no segmento do marketing e comunicação online, que podem ser muito úteis aos atltetas que buscam obter recursos para a realização de seus projetos. Confira!

A BUSCA DE APOIOS, PATROCÍNIOS E ESPAÇO NA MÍDIA

Por Roberta Borsari (*)

Esportes de aventura são sempre muito inspiradores! Pode ser nas competições, onde o homem busca o limite e superação em um ambiente natural totalmente dinâmico ou em belíssimas histórias e viagens associadas a um estilo de vida diferenciado da grande maioria. Mas que benefícios e valores as empresas enxergam na parceria com estes aventureiros? Como obter recursos em um cenário onde apenas o famoso “QI” (quem indica) parece funcionar? Como a mídia pode ajudar a dar visibilidade e credibilidade ao seu trabalho?

A verdade é que chega um ponto que em que precisamos de suporte financeiro para dar continuidade ao trabalho que iniciamos, caso contrário, fica difícil fazer uma projeção de longo prazo custeando essas atividades do próprio bolso.

Eu não tenho a pretensão de dizer que tenho todas as respostas, mas a minha bagagem como uma atleta que já preparou e apresentou diversos projetos associados à vivência profissional no segmento do marketing e comunicação online, me ajudaram a encontrar alguns caminhos. E contribuíram também para reunir um grande material através de pesquisas sobre o mercado esportivo e diversas entrevistas com profissionais da área para ser apresentado como uma palestra em duas edições da Adventure Sports Fair - maior feira de esportes de aventura da América Latina.

Meu objetivo com a palestra e agora com esta coluna é simplesmente passar adiante as informações que recolhi e experiências que já tive, e se isto puder ajudar algum atleta ou aventureiro do SUP acho que a missão foi mais que cumprida!

Vale dizer que este conteúdo é muito amplo e poderia ter várias páginas sobre o assunto e aqui temos uma versão resumida e dividida em três temas principais: o marketing do atleta; captação de recurso e mídia.

A produção de conteúdo de qualidade é tão importante quanto resultados em campeonatos. Aqui, Roberta investiu em uma viagem a Galápagos para produzir matérias em canais de TV como o canal Woohoo. Foto: reprodução

MARKETING DO ATLETA

Sabemos que o mundo ideal seria o atleta concentrar suas energias no que ele faz melhor, ou seja, remar, surfar ou qualquer que seja a sua atividade. E que ele tenha uma equipe de profissionais para cuidar de todas as outras necessidades, como a captação de imagens, contato com os veículos, captação de recursos, estratégias de marketing e etc., mas, como sabemos que o mundo real e na terra do futebol não é bem assim, aqueles que tiverem mais informação sobre como gerenciar sua carreira podem ter mais chances de alcançar seus objetivos.

O atleta que pretende buscar um patrocínio deve se ver como um produto – algo que seja interessante, que chame atenção do público de massa. E para se destacar ele não precisa ser apenas o primeiro ou campeão no que faz. Existem diversos atributos que contribuem para que o atleta se destaque do todo, seja levando a bandeira de uma causa social, sendo o mais novo ou mais velho de determinada jornada, trazendo uma novidade, vencendo um desafio pessoal e diversas outras possibilidades, que, se associadas a uma trajetória vencedora, ajudam ainda mais a projeção.

A exposição também é bem importante, pois um produto que não é visto na prateleira não pode ser “consumido”. Nesta escala, temos a mídia “tradicional” (jornal, revista, tv, rádio e web) e também a “mídia pessoal”, ou seja, a auto exposição e que pode feita através de redes sociais, canais de vídeos na web, fóruns e comunidades. Se houver um trabalho bem feito, estratégico, sem excessos e direcionado às pessoas que realmente estão interessadas no tema, a repercussão pode ser tão boa quanto uma entrevista em um veículo. Atualmente, ter um site, blog ou página no Facebook é essencial para quem quer divulgar as suas atividades.

Roberta remando durante a travessia a Alcatrazes, feito inédito devidamente registrado por profissionais como Fabio Paradise, autor desta foto

Já dizem os especialistas em análise de crise financeira, que a criatividade e uma ótima ferramenta para driblar as fases difíceis e o mesmo se aplica ao esporte. Portanto, tudo que você puder agregar a sua atividade é bem vindo, sejam encontros e eventos entre atletas, iniciantes e simpatizantes do SUP, criar clubes, fóruns, troca de pautas, aulas, viagens, trabalhos sociais e outros.

Entre as entrevistas que fiz com diretores de empresas que já patrocinaram aventureiros, um ponto de alerta foi o comentário que já houve experiências com atletas que não tiveram atitudes profissionais, como por exemplo, depois de receber apoio para um campeonato, não deram retorno após o evento, pois não tiveram um resultado expressivo.

Vale lembrar que não é só o resultado que o atleta pode oferecer, e sim, fotos em lugares incríveis, relatos da experiência vivida e muitas outras formas de fazer valer a apoio recebido. Este também é um tema que poderia render várias páginas. Então, para resumir, vale a dica: esporte de aventura não é brincadeira e postura profissional faz toda a diferença, aqueles que têm o dom da palavra, se saem melhor nas entrevistas, reuniões ou palestras, aqueles que criam relacionamento podem ter maior chance de renovar contratos e aqueles que entendem que o trabalho que fazem contribui para a construção ou valorização de uma marca e não estão pedindo uma “ajuda”, pois são profissionais da aventura.

CAPTAÇÃO DE RECURSOS

A captação de recurso pode ser feita por meio privado (empresas) ou governamental (leis de incentivo e bolsa atleta). Para aqueles que pretendem enviar um projeto para alguma empresa, vale dizer que mais importante que ter uma boa proposta é saber se ela está de acordo com a política de patrocínio da mesma. Pois nada adianta um projeto sensacional de uma grande travessia, se naquele ano a empresa está disposta apenas a patrocinar grandes eventos de esportes não aquáticos. Portanto, antes de enviar seu projeto, faça uma pesquisa de mercado: veja quais empresas estão anunciando nos veículos de comunicação ligados ao SUP e quem está patrocinando atletas e eventos relacionados. Algumas empresas já disponibilizam em seus sites a política de patrocínios e vale lembrar que muitas delas definem o budget por volta de setembro e outubro. Neste caso, se você apresentar um projeto no início de janeiro a probabilidade do seu projeto ser desconsiderado é alta.

Competindo no Kayaksurf, esporte no qual acumula uma série de títulos nacionais e internacionais. Foto: robertaborsari.com

Os projetos devem ser objetivos, com apelos visuais e mensagem muito clara. Pense que quanto mais alto o escalão que estiver avaliando a sua proposta, menos tempo ele irá dispor para entrar no detalhe e irá focar em três aspectos: quem é você, quanto custará seu projeto e qual o retorno que ele oferece. Então esqueça aquelas várias folhas encadernadas contando todo o seu histórico.

O melhor formato é o digital, algo que possa ser encaminhado por e-mail e que possa ser aberto em qualquer máquina. Não existe um roteiro de projeto ideal, mas se tivesse que apontar um seria dividido nos tópicos abaixo:

- O atleta: De forma resumida contextualizar quem é você, quais seus títulos e desafios vencidos. Colocar site, blog e etc.

- O desafio: Deixar claro qual é o desafio, seja um campeonato ou viagem e contextualizar qual importância e visibilidade que este evento tem no cenário atual.

- O que você oferece: Lembrar que um supista/aventureiro pode oferecer muito mais que adesivos nos equipamentos: conteúdo, eventos e etc...

- O que você precisa: Pode ser recurso financeiro ou apoio através de equipamentos, suplementos ou outras necessidades. Divisão em cotas.

- Clipping: As principais matérias em diferentes tipos de mídia que possam mostrar o potencial de visibilidade que o atleta oferece.

A lei de incentivo ao esporte foi sancionada em 2008 e diz que pessoas físicas podem deduzir 6% do imposto de renda e empresas jurídicas tributadas em lucro real podem deduzir 1% do imposto de renda para atividades esportivas – infelizmente muitas empresas ainda tem receio de fazer este tipo de doação acreditando que haverá maior rigor na fiscalização referente ao IR. Segundo um dos diretores de empresa de marketing esportivo que entrevistei, dos projetos que ele tinha tido aprovação do governo, apenas 40% haviam conseguido a captação na totalidade junto às empresas. Situação esta que acredita-se vai melhorar com os grandes eventos esportivos que serão realizados no Brasil nos próximos anos. Estes projetos podem ser classificados em três categorias:

- participação (eventos, congressos ou campeonatos);

- educacionais (escolas);

- alto rendimento (atletas nacionais e internacionais). 

Eles devem estar associados a uma entidade sem fins econômicos e de natureza esportiva e na grande maioria das vezes estão associados a uma empresa de marketing esportivo, pois eles já conhecem todo o trâmite legal. Há muitos detalhes para a explicação do processo da entrada do pedido até a sua aprovação e para quem quiser saber mais sobre o assunto pode acessar: www.esporte.gov.br. Neste mesmo site haverá também as informações sobre a bolsa atleta que está diretamente ligada às confederações esportivas.

Reprodução da "home" do site de Roberta. Era digital abre um leque de possibilidades e canais de comunicação.

MÍDIA

Uma pauta é o conjunto de uma boa história com boas imagens, portanto invista na captação de imagens, seja em fotos ou vídeos, pois elas podem contribuir para ampliar o espaço da matéria sobre você. A captação de mídia também pode ocorrer através de uma assessoria de imprensa que oferece serviços como press releases, acompanhamento em eventos, montagem de clipping, monitoramento em redes sociais e outros. Em relação às diversas mídias posso destacar a web entre as mais democráticas, pois a alta velocidade de notícias exige a constante atualização e necessidade de novos conteúdos, mas isto não quer dizer que ela não seja criteriosa. A web é o veículo onde as pessoas buscam a notícia em primeiro lugar, portanto ela tem que ser ágil. Ela é um excelente recurso para exposição uma vez que é normal fazer uma busca na web para saber mais sobre determinado assunto. Você faz fez uma busca no Google com seu nome? Faça um teste!

Os grandes jornais têm espaços editorais mais restritos para os esportes privilegiando modalidades como futebol, fórmula 1 ou tênis e as atividades ligadas à aventura acabam tendo maior probabilidade de publicação em cadernos especiais como turismo, férias e outros. As rádios também são um ótimo veículo de massa e por mais que muitos digam que só ouvem cd ou mp3, é incrível a boa repercussão que sempre tive com entrevistas nos programas neste veículo. As revistas têm suas pautas programadas com cerca de dois meses de antecedência, portanto, é importante entender se seu material é atemporal ou noticioso para ver como ele se encaixa em cada tipo de editorial. E as tv’s são sempre veículos nobres que podem atingir a massa. Ainda em menor escala, mas com grande potencial no futuro próximo, as tv’s online tem força para atingir o público selecionado.

Tudo o que está escrito acima são algumas informações e dicas para aqueles que buscam apoios para suas aventuras ou projetos de vida, mas nada disso adiantará se você não acreditar que é possível atingir seus objetivos. E mais que acreditar, é importante agir, preparando uma estratégia e segui-la com foco e determinação. Pois entre diversos “nãos” aparecerá um “sim” que pode fazer a diferença, digo isso por experiência própria.

Coloque a mesma energia que você tem na água para atingir sua meta de vida. Se não deu certo na primeira, segunda ou em várias, continua remando em frente, pois para quem batalha e busca seus sonhos uma hora o apoio vem!

 

(*) Roberta Borsari é atleta profissional e aventureira, tem patrocínio UOL, apoio Board House e escreve sobre expedições para o SUPCLUB. Saiba mais sobre a colunista: http://www.robertaborsari.com/

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