Por Fabrizio Borboni *

Depois de alguns meses me encontro escrevendo sobre Gálapagos. A saudade que sinto é grande. Sem dúvida visitarei de novo este lugar que não tem igual pra quem gosta de animais e contato com o meio ambiente.

Parace brincadeira, mas não é. Minha família fez amizade com um passarinho que vivia na vegetação atrás da praia que a gente frequentava. Isso é o melhor que se pode oferecer para seu filho se divertir, uma atmosfera de grande paz, simplicidade e respeito. E respeito é muito importante por aqui, pois as regras no arquipélago de Gálapagos são rígidas, afinal lá sabem muito bem que a coisa mais importante é o equilíbrio entre as formas de vida.

Vivendo assim os animais você não sente medo e pode se aproximar de uma iguana sem problema nenhum e ela estará alí te fixando e cuspindo aquele salzinho da boca.

O SUP em Gálapagos lhe permite desfrutar aventuras de remada que podem figurar entre as mais emocionantes de sua vida. Os filhotes de leão marinho se aproximam curiosos para brincar com a prancha, é um espetáculo maravilhoso! A minha primeira remada foi na Ilha São Cristobal onde, saindo do Porto, remei até a baia e percebi logo como as correntezas exigem um pouco de experiência e preparação. O vento era off shore com maré secando o que, no meio do oceano Pacífico, gera bastante refluxo. Nada impossível, mas definitivamente não recomendado para iniciantes.

Neste trajeto encontrei vários leões marinhos, tartarugas em reprodução, vários pássaros lindos como o famoso “Piqueiro dos Pés Azuis”.

Na volta chamei meu filho Fabrício para remar junto avisando sobre correnteza e tomando bastante cuidado. Achei interessante fazer um teste de remada contra a correnteza já no começo para poder avaliar a possibilidade de voltar e a distancia de segurança, sendo que ele tinha sete anos. Conseguimos remar alguns quilômetros e foi muito divertido. Já minha esposa Sueli, depois de uma breve remada não se sentiu segura para se arriscar no oceano aberto.

Quase como por mágica, um filhote de Leão marinho se jogou na água da pedra do descanso dele e se aproximou a meu filho. Como se soubesse que ele era criança também e quisesse brincar junto. Ficamos um tempo, chegou outro e veio o por do sol.

No dia seguinte planejamos remadas na região de surfe, mas que não oferecia ondas nesta época. Remei passando por El Canhão, mas não estava quebrando, Punta Carola também não... Não tive esta sorte. Era o mês de Maio.

Em Gálapagos não é possivel remar de Stand Up Paddle fora das áreas limitadas dos portos com raras exceçoes. Fiquei um pouco decepcionado. Tentei ir além e logo uma embarcação de fiscais me avisou que tinha passado o limite. Sempre gosto de verificar pessoalmente...

Fomos para a Ilha de Santa Cruz onde o Porto o maior e com transito marítimo intenso. Ali não era adequado para uma remada. Aguardei e tivemos a sorte de ser recebidos por Jonatan de Gálapagos Dreams. Um garoto extremamente disponível e bodyboarder de alto nível. Contou-me um pouco sobre as ondas e consegui o contato com uma família de surfistas que me levou para conhecer uma onda chamada “Cerro Galinha” a uma hora de barco. É um point break, para a esquerda, com água super transparente e grande força de água. A primeira série me pegou de surpresa... Pacífico... O leash não segurou e a prancha foi embora. Recuperando a prancha observei um pouco a onda e me arrisquei. A onda era cavada e rápida, a prancha de 10'2” estilo long cravou na parede e acelerou. Tinha um muro de água azul escura, na esquerda, reto encima da minha cabeça. Tem muitas ondas na Ilha de Santa Cruz, todas sem crowd ou provavelmente sem ninguém, todas oferecendo grandes doses de adrenalina.

Num outro dia conhecemos um lugar espetacular chamado Ilha de Santa fé. Uma microscópica ilha, escondida atrás do litoral de pedras e ondas fortes onde moram vários animais como iguanas, leões-marinhos, pelicanos, fragatas, tartarugas marinhas, mantas, arraias. Água fantástica, inesquecível. Nessa ilha todos pudemos remar.

A terceira ilha foi Isabela onde tem uma praia com ondas e uma baia onde remei com tubarões e vários outros animais, mas também soube que era proibido. Em Gálapagos o que não é explicitamente permitido fica proibido.

Para os amantes das aventuras ecológicas com a prancha fica um pouco o desejo de ter mais liberdade de movimento, para todos que tem a sorte de passar um tempo nas ilhas a lembrança de ter vivido em outro mundo, por um instante, um mundo onde a natureza, considerada a coisa principal, devolve o grande abraço de serenidade. Melhor presente que se pode dar para uma criança.

* O italiano Fabrizio Borboni é um apaixonado por SUP e por viagens que vive no Brasil onde administra com sua família a Pousada do Sonho, em Alagoas. Para saber saber mais sobre seu trabalho acesse: www.pousadadosonhoalagoas.com  /  ou .