No último sábado (6), Alex Araujo partiu para a quebra do recorde mundial de distância contínua percorrida em mar aberto. Problemas com a saúde de um tripulante da equipe de apoio e a alteração no cronograma levaram Alex de Araujo a não conseguir a quebra o recorde. O trajeto percorrido, no entanto, já garante ao remador o recorde brasileiro e sul-americano de remada a distância em mar aberto a bordo de um SUP. Confira abaixo o relato deste guerreiro que já começa a fazer planos para uma nova tentativa em breve. 

Por Alex Araújo

Tudo pronto e embarcamos às 04h00 da manhã no Iate Clube. Na embarcação estavam, eu dois mestres e um capitão, meus nutricionistas Valden Capistrano, Léo e meu amigo triatleta Paulo Vidal, que ficou responsável pelas imagens e atualização das informações via facebook.

Nossa estratégia foi virar 300 graus e nos posicionarmos diretamente em nosso destino Jericoacoara, depois de remar quase 20 km para fora da costa, conseguimos atingir a rota perfeita. Tudo estava caminhando acima da expectativa, pois em plena 10h00 da manhã eu já tinha percorrido 60km, com uma velocidade de cruzeiro de 11 kmph. Com esta média, superaria os 145 km do recorde mundial em apenas 13 horas contra as 24 horas do recorde atual e o melhor: conseguiria chegar a Jericoacoara em 26 horas. Todos estavam muito confiantes, pois até ali estava tranquilo e com muito gás. Mas foi então que o pior aconteceu. Um tripulante começou a passar muito mal, pois as condições estavam realmente extremas. Ondas acima dos 2 metros com período de 10 segundos e ventos de 50 kmph castigavam o barco e a todos que estavam na embarcação. Neste momento o tripulante começou a passar muito mal e ele não estava somente mareado. Sua pressão estava muito baixa e sua aparência preocupou demais o capitão e todos os tripulantes. Neste momento tínhamos que tomar uma decisão crucial, ou eu ficava à deriva, a 20 km da costa e continuava meu trajeto, ou descia com eles até o Porto em Paracuru remando os 20 km com ondas e vento lateral.

Neste projeto minha maior preocupação foi com a segurança. Tanto a minha como a dos tripulantes, por isso tomei a decisão de descer com eles até a costa. Remei 20 km com onda lateral e vento lateral, foram quase 3 horas remando e chegamos a Paracuru para o tripulante desembarcar. Até este momento o projeto ainda não estava comprometido, pois estava remando e com isso não perderia a marca para o Guiness. O problema com tudo isso é que teríamos que remar 30 km na lateral para nos posicionarmos novamente a 300 graus e nos livrarmos da ponta de Mundaú. Remei por 6 horas com vento lateral e ondulação lateral, neste momento minha condição física estava complicada, pois remei 40 km com o lado esquerdo e meu ombro estava ficando bem machucado. Às 17h00 tomei uma dose cavalar de corticóide e as dores melhoraram. Lutei com todas as minhas forças, mas situação começou a ficar complicada com o cair da noite. A iluminação da embarcação estava toda na parte de trás, pois a minha meta era à noite ficar navegando de downwind atrás da embarcação e neste momento eu continuava a remar lateral com as ondas quebrando lateralmente e com isso toda vez que uma onda entrava e me derrubava da prancha, eu perdia totalmente o contato com a embarcação, em certo momento quase fui atropelado pelo barco e aos 113 km, faltando apenas 33 km para quebra do recorde mundial, decidi por minha segurança e de toda a tripulação e entrei na embarcação, fato que me abalou muito.

Com esta marca consegui quebrar o recorde brasileiro e sul-americano, estabelecendo uma nova marca em remada a distância em mar aberto. Não foi dessa vez que consegui quebrar o recorde mundial, mas aprendi muito com a tentativa e minha motivação continua inabalável. Agora é voltar aos treinos, rever a estratégia e partir para uma nova batalha. Muito obrigado a todos que torcem por mim.

Aloha,

Alex Araujo